Você já ouviu falar em bonecas hiperrealistas?

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bonecas hiperrealistas
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Tópico: Bonecas hiperrealistas

Os avanços científicos e, principalmente, tecnológicos, estão afetando o comportamento das pessoas nas relações afetivas. 

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Podemos comparar o processo de revolução sexual paralelamente à revolução industrial, pois cada nova tecnologia acaba influenciando nos costumes que se manifestam culturalmente, causando mudanças nas relações afetivas e sexuais das pessoas.

E esse processo de mudança tem sido tão meteórico, a ponto de causar uma certa confusão nas gerações dos indivíduos nascidos a partir de 1970, pois precisam se adaptar a comportamentos que em tempos passados eram considerados inconcebíveis.

O futuro do sexo ou o sexo do futuro

Voltando um pouquinho na história, foi em meados do séc. XIX que a produção de camisinhas passou a ter o látex como matéria-prima, no lugar de intestino de carneiro, adquirindo popularidade na década de 1930 e, caindo em desuso nas décadas seguintes por conta da invenção da pílula anticoncepcional, mudando totalmente o cenário das relações, dando a mulher um certo poder de escolha em muitos aspectos.

Esse empoderamento feminino gerou uma série de repercussões ao longo dos anos, que pode ter culminado em uma aversão de alguns homens a mulheres independentes, já que se sentiam ameaçados em suas funções masculinas.

Logo, nos tempos atuais, podemos perceber no que resultou aquelas mudanças e, talvez tenhamos mais facilidade em perceber as tendências do que pode surgir futuramente, nas questões comportamentais da sociedade.

Se a geração passada tinha dificuldades em lidar com essa mudança, a contemporânea tem aprendido a se adaptar aos novos costumes e a futura, certamente vai administrar essas questões com naturalidade.

E no âmbito das relações sexuais, também é digno de nota o papel que a tecnologia tem exercido sobre o comportamento humano. 

Muitas vezes essa ferramenta é utilizada de modo equivocado e por vezes, expõe vulnerabilidades e a falta de uma educação sexual básica para a compreensão das consequências de algumas atitudes.

Por outro lado, os sites de encontros, aplicativos de namoro e as redes sociais podem estar colaborando para que as relações afetivas não caiam no limbo do esquecimento e, muitas vezes, auxiliam no estreitamento de laços em início de relacionamento.

E essa mudança nas relações tem sido tão rápida que não dá pra saber se o comportamento humano se adaptou a tecnologia ou se foi o contrário, pois a indústria de brinquedos eróticos vem crescendo a cada ano e, paralelamente a esses acessórios, bonecas e robôs cada vez mais parecidos com seres humanos.

Boneca inflável é coisa do passado?

Foi-se o tempo em que bonecas sexuais infláveis eram sinônimo de garantia de alívio da tensão. 

A nova geração de robôs sexuais interagem com o usuário, podendo ser personalizados via bluetooth e aplicativos de smartphones, especialmente desenvolvidos para este fim.

E para tornar a experiência ainda mais verossímil, alguns robôs contam com opções de individualidade pré-programadas, assumindo personalidades como uma mulher tímida, mal humorada, controladora, ciumenta, dentre outras opções. 

Alguns fabricantes até já conseguiram criar modelos que possuem sensores para chegar ao orgasmo.

Tanto as bonecas hiperrealistas quanto os robôs sexuais são produtos fabricados com o objetivo de copiar fielmente o corpo humano e satisfazerem sexualmente os seus donos. 

O material utilizado nesses produtos é uma espécie de pele sintética que se aproxima da textura natural. 

Os traços físicos, assim como os órgãos sexuais são extremamentes realísticos.

Alguns modelos são configurados para recitar poemas, contar piadas e dizer amenidades para suprir uma carência de companhia. 

Já os exemplares mais sofisticados, dotados de Inteligência Artificial, podem compreender o que diz o seu proprietário, obtendo informações a partir da convivência.

Uma companhia ou um brinquedo

Nos últimos dois anos, quando a quarentena virou uma obrigação global, uma fábrica americana de brinquedos sexuais observou um aumento substancial nas vendas de bonecas hiper-realistas no período de isolamento social, devido à pandemia de COVID-19. 

Apesar de não haver pesquisas conclusivas a respeito dos compradores desses produtos, tendo em vista os fabricantes dizerem não poder revelar a identidade de seus clientes, imagina-se a quantidade de pessoas solitárias que decidiram investir nisso.

Somos animais racionais, mas também sociais, em constante busca de afetividade e novas formas de conexão. 

E quando a conexão com outro ser humano perde espaço, novas formas de apego emocional se destacam. 

É o caso de quem se sente sozinho e não quer, ou não consegue, ficar com mulheres reais.

Tanto na Europa quanto em países asiáticos, a sensação do momento são os bordéis, ou casas onde se podem ter encontros íntimos com robôs e bonecas hiper realistas. 

Segundo relatos de fabricantes, alguns proprietários chineses chegam a se apaixonar por suas bonecas e cuidam delas como uma pessoa real, dão banho, levam para passear em cadeira de rodas. 

Não é para menos, alguns modelos parecem tão reais que causam pasmo devido ao ultrarrealismo. 

É o caso de uma das bonecas da linha de luxo RealDoll, da fabricante americana Abyss Creations. 

A companhia tem divulgado seus produtos no instagram e causado intenso furor.

Mas o extremo realismo desses robôs vai além da aparência. 

Eles contam com um software de Inteligência artificial denominado X-mode, que parece dar vida a esses bonecos, formando expressões faciais, respondendo perguntas e movendo a cabeça por animatronics – que são partes mecânicas que se mexem a partir de sinais eletrônicos, simulando movimentos orgânicos.

A título de curiosidade, o maior colecionador de bonecas sexuais do mundo é o britânico Bob Gibbins, que junto com sua esposa Lizzie, diz possuir 240 tipos de bonecas.

Os interessados em adquirir este tipo de artigo, devem estar dispostos a fazer um grande investimento, pois uma boneca realista feminina custa em torno de 2000 dolares, mas pode chegar a $15000. As versões masculinas são bem mais caras.

Robô legal

Em uma apresentação em 2019, no Simpósio de Saúde Mental da Sociedade de Psicologia Evolutiva Aplicada, em Boston (EUA), a psicóloga clínica e terapeuta sexual Marianne Brandon apresentou um estudo no qual aponta que robôs sexuais hiper-realistas podem ser indicados por médicos para pacientes com disfunções sexuais. 

De acordo com a terapeuta, o congresso americano tem probabilidade de aprovar a legislação que torne possível a indicação destes robôs, por médicos e ainda a cobertura por planos de saúde.

Mas ainda não podemos confirmar essa realidade futurística como um fato consumado, sem interpelações. 

Ao tempo em que os entusiastas do meio erótico-tecnológico se empenham em popularizar a utilização desses humanoides sexuais, ha tambem uma comunidade preocupada com os possiveis efeitos catastroficos que a influencia dessas maquinas sobre o comportamento da sociedade.

Ativistas, estudiosos e juristas vêm se manifestando e tecendo questionamentos sobre a utilização ética e cooperativa da tecnologia. 

Afinal, a pratica de sexo com robôs deve ser regulamentada? 

Se sim, quais critérios devem ser considerados?

Além da polêmica envolta nas questões morais, há também implicações jurídicas e legais que podem prever um cenário com problemas relevantes para esse segmento, nas questões de taxas e impostos, no estabelecimento de medidas de segurança sanitárias, dentre outros fatores que podem surgir nesse meio tempo.

Da mesma forma, o uso indiscriminado e não regulamentado de sistemas inteligentes pode reforçar estereótipos, como a objetificação do corpo feminino, ainda presente na sociedade, pois a tecnologia não é neutra. 

Ela incorpora e muda valores.

Portanto, recomendam que sistemas inteligentes autônomos devem ser projetados de forma que suas decisões sejam explicitadas e que os humanos sejam responsabilizados pelo seu uso. 

Será que a sociedade está pronta para conviver com robôs?

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Ana Lúcia

Consultora e Expert Apimentou. Heavy User de Produtos Sensuais. Instagram: @apimentou.com.br